As frutas e hortaliças minimamente processadas surgiram como uma interessante alternativa para o consumidor que não tem tempo de preparar sua refeição ou mesmo não gosta de fazê-lo. Em vários países, verifica-se que esses produtos estão sendo oferecidos nos formatos mais variados, sempre visando agregação de valor e comodidade do consumidor.
Nos Estados Unidos, uma nova tendência foi observada em 2004. Várias lojas que estavam processando frutas e hortaliças e vendendo com marca própria estão deixando de fazê-lo, buscando cada vez mais empresas que possam fornecer um “mix” completo de produtos a um preço competitivo. As empresas também estão desenvolvendo novas embalagens e saladas que podem ser consumidas até fora do lar, uma exigência dos consumidores no país do “fast food”.
Enquanto no Brasil ainda é tímida a existência de saladas mistas, nos EUA, a salada de alface com tiras de cenoura, considerada ainda uma novidade por aqui, já está ultrapassada. Em 2003, o crescimento do negócio de saladas minimamente processadas nos EUA foi ao redor de 9%, com vendas estimadas em 2,3 bilhões de dólares. As saladas oferecidas no mercado norte-americano de hoje lembram muito pouco as que eram comercializadas há cinco ou dez anos. As empresas atualmente oferecem grande variedade de saladas de folhosas com “kits” combinados com tomate-cereja, torradas (“croutons”) e molhos variados.
Todavia, embora esse segmento do mercado norte-americano pareça vivenciar nova onda de crescimento, problemas antigos, como consistência na qualidade, ainda precisam ser solucionados. A chave para o sucesso, segundo alguns processadores e supermercadistas, é ter a certeza de fornecer ao cliente o que ele está querendo, toda vez que procurar por uma salada minimamente processada.
Outra forte tendência observada em diferentes países europeus e em países da Oceânia é a associação entre o consumo de frutas e hortaliças minimamente processadas e hábitos salutares de vida, como o programa “5 a day”, que preconiza o consumo de pelo menos cinco porções de frutas e/ou de hortaliças por dia, para uma vida saudável. No Canadá, esse programa também existe e foi estendido para “10 a day”. Os processadores estão também investindo na produção de “snacks” ou tira-gostos feitos com frutas e hortaliças minimamente processadas. Segundo os proprietários da River Ranch, uma empresa americana sediada na Califórnia, o consumidor prefere consumir “snacks” naturais a industrializados quando estão assistindo TV ou em reunião com amigos. Foi a partir dessa constatação que a empresa passou a desenvolver novos produtos voltados para esse público e a registrar crescimento significativo em seu faturamento.
De acordo com a Del Monte, outra grande empresa americana que também atua no mercado de frutas e hortaliças minimamente processadas, o mercado norte-americano deve crescer entre 30% e 40% nos próximos dois ou três anos. Um dos novos produtos da empresa é uma bandeja com morangos inteiros ou fatiados, que são servidos acompanhados com creme de chocolate ou de baunilha.
Enquanto isso, no Brasil, o setor de minimamente processados ainda é tímido quando se trata de expansão dos mercados. A comercialização desses produtos está praticamente circunscrita a médios e grandes centros urbanos como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Rio de Janeiro e a algumas capitais das regiões Nordeste e Sul. No Estado de São Paulo, onde 92% dos hipermercados comercializam esses produtos, verificou-se, em pesquisa realizada em 2001, que, do total de frutas e hortaliças consumidas nos lares, somente 2,9% são na forma minimamente processada. Os números também variam em função da classe econômica dos entrevistados. Aproximadamente 4% dos consumidores das faixas A e B afirmaram comprar alguma fruta ou hortaliça na forma minimamente processada. Tais números demonstram maior preferência pelos produtos por parte das classes de maior renda.
Para 66%, em média, dos gerentes de supermercados paulistas, a tendência é de crescimento das vendas desse tipo de produto. Os principais entraves ao maior crescimento, também segundo os gerentes, são: o ainda elevado preço praticado, a pouca variedade e o restrito número de empresas com capacidade de manter qualidade com constância e quantidade (ROJO e SAABOR, 2002).
Em Belo Horizonte, a aceitação dos minimamente processados é também crescente, mas ainda representa apenas 1% do consumo de frutas e hortaliças adquiridas em supermercados da capital mineira. Os principais consumidores são das classes A e B e da faixa etária de 18 anos a 34 anos (ROJO e SAABOR, 2003).
A exposição de frutas e hortaliças minimamente processadas em supermercados no Brasil não difere, de maneira significativa, do observado em outros locais. Mas existe uma diferença marcante entre países desenvolvidos como Alemanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, França, Inglaterra e países em desenvolvimento como o Brasil e a China: o controle da temperatura nas gôndolas. Enquanto naqueles países o controle no ponto de venda é rígido, com a temperatura variando muito pouco acima dos 5ºC ou 6ºC, nesses últimos a temperatura chega a até 20ºC (NASCIMENTO et al ., 2003) e, em casos extremos, à temperatura-ambiente, como verificado em supermercados em Beijing, capital da China, e em certas feiras livres no Brasil.